Apesar da grande miscelânea rítmica que atualmente marca o carnaval, as tradicionais marchinhas ainda são o símbolo supremo da maior festa popular brasileira.
Esta supremacia teve seus primeiros passos no ano de 1899 quando, a pedido dos foliões do cordão “Rosa de Ouro”, Chiquinha Gonzaga compôs “Ó abre alas” que se tornaria a primeira música criada especialmente para o carnaval.
Entre as décadas de 1920 e 1960 as marchinhas ganharam forte repercussão no Rio de Janeiro, sobressaindo-se com relação ao samba que, até então, era o gênero mais executado durante as festividades carnavalescas. A fórmula para a explosão do sucesso das marchinhas surgiu da combinação entre seus ritmos acelerados (compostos em compassos binários), suas melodias simples e suas letras que contemplavam a irreverência, a crítica social e uma leve pitada de sensualidade (tão leve que nem de longe merecem quaisquer comparações com as atuais “apelações musicais”). Mais do que isso, as letras de cada canção refletiam fidedignamente a vida do povo carioca, seus hábitos, sua rotina e sua alegria de viver.
Outro tema bastante utilizado pelos compositores carnavalescos era o fictício triângulo amoroso entre Colombina, Pierrô e Arlequim, personagens lembrados em dezenas de marchinhas.
Na referida época (de 1920 a 1960, aproximadamente), o Rio de Janeiro ainda era a capital do Brasil, concentrando sob seu município as principais emissoras de rádio e gravadoras fonográficas do país, fato este que facilitou a difusão das composições por todo o território nacional.
Uma das mais conhecidas canções do gênero (para não dizer a mais popular de todas), “Mamãe eu quero mamar”, de José Luís Rodrigues Calazans (Jararaca) e Vicente Paiva, foi composta em 1937 e tornou-se um verdadeiro hino dos foliões sendo fortemente executada nas noites e nas matinês ainda hoje.
Quando se remete aos “carnavais de marchinhas”, não se pode esquecer da “pequena notável” Carmen Miranda, que em 1930 estourou nas paradas de sucesso interpretando “Para você gostar de mim” (popularmente conhecida por “Taí”), de Joubert de Carvalho. Outro grande nome a ser lembrado é o do célebre Lamartine Babo, compositor de inesquecíveis marchinhas, dentre elas “Linda morena”.
Tantas outras músicas e compositores poderiam ser aqui lembrados, mas de que vale falar sobre marchinhas e não poder ouvi-las? Por isso, neste carnaval, busque retornar aos bons tempos e procure participar de eventos que ainda prestigiam os grandes carnavais eternizados pelas marchinhas.
OBS.: Este texto foi publicado no blog do jornalista de "O Debate", Gildo Sanches (www.blogdogildo.blogspot.com), em 13/02/2010.

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