sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O silenciar de uma grande voz

A notícia da morte de Muíbo César Cury, aos 80 anos, divulgada na tarde do último dia 26 de Dezembro, foi motivo de profunda tristeza para todos os amantes do rádio e da música brasileira.
Figura lendária do cenário radiofônico nacional, Muíbo Cury saiu de Duartina (SP), sua terra natal, por volta dos 20 anos de idade, para trabalhar como locutor nas madrugadas da Rádio Clube de Marília (SP), de onde, posteriormente, partiria rumo à capital do estado para tornar-se uma das vozes mais conhecidas do microfone paulistano. Em 2009 completou 57 anos de trabalho junto à Rádio Bandeirantes de São Paulo, apresentando os programas “Arquivo Musical” e “Jornal em Três Tempos”, este último ao lado de Chiara Luzzati e Paulo Galvão. Todos estes anos de trabalho garantiram-lhe, até então, o título de funcionário mais antigo do Grupo Bandeirantes de Comunicação.
Apesar de o rádio ter sido o palco de seu maior destaque, outras vertentes artísticas também fizeram parte de sua carreira, destacando-se, dentre elas, ofícios como dublador, ator, apresentador, compositor e cantor. Atuou em diversos trabalhos televisivos, tanto na extinta TV Tupi, quanto na TV Globo, sobressaindo-se sua participação em “Memórias de um gigolô”, minissérie desta última emissora levada ao ar em 1986.
Na música, compôs ao lado de Teddy Vieira um dos maiores clássicos da música sertaneja, “João de Barro”, sendo sua primeira gravação interpretada por Mineiro e Manduzinho na década de 1950, sem, no entanto, grande repercussão naquele momento. O sucesso da canção viria cerca de 25 anos mais tarde, quando regravada por Sérgio Reis.
Ainda no campo da música, Muíbo fora o Barroso, da dupla Barreto e Barroso, famosa nos anos 60 por sua musicalidade raiz, aliada à irreverência dos “causos” de dois velhos caipiras.
Amante da boa música sertaneja, Muíbo Cury participou recentemente de um documentário independente sobre a vida de Tonico e Tinoco, onde presta depoimentos sobre a dupla ao lado do cantor Sérgio Reis, do jornalista deste semanário, Gildo Sanches, e do próprio homenageado, Tinoco.
Com sua morte, Muíbo deixa mais uma lacuna no rol dos grandes nomes do rádio e da música. Fica para nós, além da saudade, um grande exemplo de luta, perseverança e dedicação. Fica imortalizada, nos registros da emissora paulistana que o acolheu, a paixão de um ser humano por tudo aquilo que fazia.

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